HISTÓRIA

Sobre a cidade de Batatais

O certo romantismo que envolve as histórias da Fazenda Macaúbas encontra seu lado político e prático na trajetória de Washington Luis, que foi prefeito de Batatais, presidente da chamada República Velha.
 
Deposto por Getúlio Vargas, que implantou o Estado Novo, Washington Luis foi obrigado a viver no exílio na França e nos EUA, e teve a sua trajetória bastante desvalorizada na história brasileira devido ao serviço de propaganda de Getúlio Vargas.
 
É interessante, portanto, retomar a história de Washington Luis Pereira de Souza. Nascido em Macaé, Rio de Janeiro, em 1870, era filho do Tenente Coronel Joaquim Pereira de Souza e de Florinda Sá Pinto Pereira de Souza. Estudou no Colégio Pedro II, na cidade do Rio e, em 1889, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco.
 
Em 1891, tornou-se bacharel em Direito e foi nomeado Promotor Público da cidade de Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Como o cargo era mal remunerado e ele não conseguia transferência para um lugar melhor, Washington Luis aceitou o convite do ex-colega de faculdade Joaquim Celidônio dos Reis Júnior para trabalhar em seu escritório de advocacia, em Batatais, atendendo os processos que envolviam os ricos proprietários de fazendas de café da região. O nome Batatais aparece em documentos legais justamente na doação de uma sesmaria com esse nome, em 5 de agosto de 1728, pelo governqaador da Capitania de São Paulo, Antônio da Silva Caldeira Pimentel,a Pedro da Rocha Pimentel.
 
Desde a juventude, portanto, Washington Luis esteve envolvido com os grandes cafeicultores de São Paulo. Em 1894, por exemplo, redigiu o Código de Posturas ou Leis de Batatais. Tudo o que teve de estudar para isso foi fundamental para facilitar a sua compreensão das necessidades de melhoramentos do município.
 
Uma medida polêmica, por exemplo, foi a exigência para que as moradias seguissem as normas do Código, com o objetivo de que a cidade tivesse uma urbanização organizada. Cada proprietário tinha de construir a sua calçada, e foram tomadas providencias para reduzir o número de buracos, facilitando o fluxo rápido de carroças, carros e outros veículos.
 
Por esse tipo de iniciativa, Washington foi eleito vereador em 1895. Tomou posse no ano seguinte, destacou-se como um intransigente defensor da autonomia do município, onde as pessoas moram e precisam de todos os serviços do Poder Público.
 
Em 1897, após ocupar a Presidência da Câmara, renuncia ao cargo devido a pressões políticas, mas logo é indicado para intendência Municipal, cargo semelhante ao do prefeito atualmente. Eleito, lutou pela implantação da água encanada, pelo sistema de esgoto e pela ampliação do calçamento. Combatia ainda os cães, cavalos, vacas, cabras e porcos que peregrinavam, sem dono, pela cidade e verificava que, nessa situação, a saúde pública não poderia ir bem, com focos de epidemia de varíola e febre amarela.
 
Faltava, ainda, a criação de um sistema de esgoto que não contaminasse o solo, e não pusesse em risco a higiene pública. Para tanto, precisava-se de mais dinheiro. A solução foi encontrada em Ribeirão Preto, que estava realizando o seu sistema de esgoto e, por isso, vendia mais barato o anterior.
 
Assim, Batatais adquiriu um sistema de fossas móveis. Os resíduos eram removidos em carroças comuns, inteiramente revestidas de zinco, que recolhiam os baldes acoplados a um sistema que lembrava um vaso sanitário, mas que poderia se ajustar a qualquer local. Foi implantado também um serviço regular – de três em três dias – de remoção dos ejetos das moradias.
 
As vias públicas passaram a serem limpas regularmente e os animais que vagavam livremente pelas ruas passaram a ter dois destinos: os maiores, como vacas e cabras, eram levados para o curral da então prefeitura, enquanto os cães vira-latas eram exterminados, porque ameaçavam a população com a transmissão da hidrofobia, conhecida popularmente como raiva.
 
No final de 1897, as ruas receberam placas com os seus devidos nomes e as casas ganharam números, facilitando o trabalho dos carteiros. No ano seguinte, Washington Luis estabeleceu um teto máximo nas corridas dos cocheiros – que praticavam preços abusivos – e enfrentou uma greve da categoria. Também foram construídos um novo matadouro, um novo mercado e uma nova cadeia.
 
Além disso, houve reforma do teatro, foi comprado um prédio para instalação do Paço Municipal e o sistema de iluminação pública foi trocado e ampliado. Washington Luis participou também, em 1899, com outros advogados de Batatais da criação da “Assistência Judiciária para proteção e defesa de presos pobres”, sendo o primeiro presidente dessa entidade.
 
Como município vivia em condições precárias, era necessário fazer quase tudo e Washington Luis começou por uma reforma administrativa, precisava arrecadar dinheiro para ter como pagar as melhorias que desejava implementar. Para isso, criou novos impostos e cobrou judicialmente – inclusive de um vereador que o apoiava- que estava devendo aos cofres públicos.
 
Em 1897, Washington Luis retomou a canalização da água do córrego dos peixes, contratando, com esse objetivo, o engenheiro José Niederkruker. Para o sucesso obtido na missão, foi importante o dinheiro conseguido do Estado, graças ao auxilio de um famosos filho de Batatais, Altino Arantes.
 
Além de Washington Luis outros nomes também fizeram parte da história política de Batatais, entre eles: Altino Arantes e Afonso Celso Garcia da Luz.
 
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Origem do nome

Existem pelo menos quatro versões históricas para o significado do nome Batatais. A versão mais aceita é baseada em relatos da época e está ligada a atividade agrícola dos habitantes naturais da região. Os primeiros bandeirantes teriam encontrado por aqui extensas plantações de batatas roxas.
 
Outra versão seria a que havia índios na região e Batatais deriva de BAITATA, que segundo alguns pesquisadores locais significam em tupi “rio cascateante entre pedras”, referencia às nossas belezas naturais. Acredita-se também que outra origem viesse do tupi MBOITATA – cobra de fogo, que na crença dos índios, era o gênio que protegia os campos contra os incêndios.
 
Estudos recentes de um historiador local, atenta para mais uma possível hipótese: Batatais ou Batatal era uma expressão usada pelos minerados antigos que designavam o local onde se achava ouro de superfície. Como esta região fazia parte do caminho para Goiás, há a possibilidade que a cidade servia de pouso para esses viajantes.